Covid-19: Em Portugal “houve uma gestão errática e reativa, não a que o país merecia
Na semana em que Portugal atingiu os 234 mortos e os 14 mil infetados, o diretor do serviço de pneumologia de Coimbra e da Faculdade de Medicina teve um desabafo público sobre o seu hospital, “está destroçado” e sobre os médicos, “estão exaustos e em sofrimento ético”. Ao DN explica porquê e defende que o país não teve o que merecia: “Uma gestão coerente, credível e corajosa”.
É médico pneumologista, professor catedrático, diretor de serviço no Centro Hospitalar Universitário de Coimbra, diretor da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, membro do Conselho das Escolas Médicas, integra o Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos no combate à pandemia e ainda lidera a Sociedade Europeia de Pneumologia. Carlos Robalo Cordeiro falou com ao DN no início da pandemia, a 28 de março, quase 11 meses depois volta a falar sobre o olhar que tem da realidade atual. E não tem dúvidas de que se cometeram erros e de que a realidade ainda agravará mais. Diz que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) está a passar pelo maior desafio de sempre, “está a ser testado ao limite” e envia um apelo às novas e velhas gerações da medicina. Aos mais novos, que tenham esperança, que aproveitem ao máximo esta fase como uma fase de aprendizagem, aos seus pares que não desistam, porque a pandemia também trouxe ao de cima o melhor do exercício da prática médica – o humanismo, a solidariedade e o espírito de missão.
No início da pandemia, disse em entrevista ao DN que se estava a fazer o que devia ser feito, mas que, provavelmente, poderia ter sido feito com mais antecedência. E agora? Não se fez o que se deveria ter feito?
Vão-se tomando medidas, mas sempre um pouco atrás do tempo em que deveriam ter sido tomadas. Tenho de ser honesto. Considero que tem havido muito mais reatividade do que proatividade, sobretudo mais reatividade do que prevenção. Isto tem sido uma marca ao longo desta pandemia.
Em que aspeto?
Recordo dois episódios: o uso obrigatório das máscaras, por exemplo. Só com uma pressão muito grande de diversas entidades e especialistas é que foi adotado na primeira fase da pandemia, mas foi uma decisão que levou muito tempo. Outro exemplo, e este foi um dos momentos críticos, quando se reabriu o país, se assim se pode dizer, ou melhor, quando as aulas recomeçaram em setembro, não se tinha um Plano Outono-Inverno (POI), com medidas e planeamento para atuar, esse plano só chegou durante o outono. Na altura, disse-o e continuo a dizer que saudava um plano deste tipo, porque era fundamental na programação e organização do combate à pandemia, mas o plano pouco saiu do papel, muitas medidas que ali estavam nunca foram operacionalizadas.
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Fonte: PlatarfomaMedia.com
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