Posso usar máscara numa corrida ao ar livre? Sim, dizem especialistas. E não faz mal à saúde

Posso usar máscara numa corrida ao ar livre? Sim, dizem especialistas. E não faz mal à saúde

A utilização de máscara não é desaconselhada pelos especialistas com quem o P3 conversou. “Podemos fazer exercício físico com máscara sem daí advir qualquer prejuízo para a saúde”, diz a investigadora Rute Santos.

Em Portugal, não há ainda uma orientação geral para o uso da máscara durante a prática desportiva. Os ginásios e espaços desportivos estão encerrados desde 15 de janeiro, mas o exercício físico continua a ser permitido ao ar livre de forma individual. Porém, a pergunta impõe-se: deve usar-se máscara numa corrida ou num passeio de bicicleta? O P₃ conversou com dois especialistas para tentar encontrar uma resposta e ambos acreditam que a utilização da máscara no desporto amador não acarreta qualquer problema para a saúde do desportista.

Segundo o infeciologista Jaime Nina, médico e professor no Instituto de Higiene e Medicina Tropical da Universidade Nova de Lisboa (IHMT-UNL), “é um facto comprovado que as máscaras interferem com a respiração e baixam a oxigenação de sangue”. Mas, apesar de não haver “uma regra rígida”, “pela lógica” não encontra “nenhum inconveniente para que cada pessoa faça o seu jogging com máscara”, refere o especialista.

“A prova científica preliminar, aparentemente ainda não muito definitiva, diz-nos que, de facto, podemos fazer exercício físico com máscara sem daí advir qualquer prejuízo para a saúde”, abona Rute Santos, investigadora-coordenadora no Centro de Investigação em Atividade Física, Saúde e Lazer da Universidade do Porto.

A mesma lógica é aplicada aos ciclistas. Rute Santos diz ser igualmente importante lembrar que qualquer pessoa pode ser um veículo de transmissão do vírus, por isso, deve proteger os outros também. “No caso específico de alguém que anda de bicicleta, apesar de estar sozinho, liberta gotículas e claro que, se usar máscara (se estiver contagiado sem saber), a probabilidade de contagiar alguém é sempre menor.”

É importante manter a distância de segurança

A investigadora ressalva ainda os conselhos da Direção-Geral da Saúde (DGS) relativos à manutenção da distância securitária de dois metros. “Não estamos proibidos de sair à rua para fazer o nosso exercício físico, devemos é tentar fazê-lo de preferência sozinhos, com o máximo securitária e afastados uns dos outros”, sustenta. Todavia, no caso das crianças, devem ser acompanhadas por um adulto, sendo que a utilização da máscara nos menores requer ainda mais estudos e reflexão sobre os já existentes.

Também Jaime Nina realça a importância da distância interpessoal, principalmente quando os espaços de treino reabrirem, a 5 de abril — data a partir da qual a atividade física ao ar livre pode ser feita em grupos de até quatro pessoas, como foi anunciado esta quinta-feira pelo primeiro-ministro durante a apresentação do plano de desconfinamento. “Nos ginásios, é preciso ter atenção à dimensão da sala e do número de pessoas que lá está. O distanciamento social é muito importante”, refere.

O infeciologista lembra ainda que “as pessoas não se podem esquecer que o desportista que faz um determinado exercício tem um ritmo respiratório mais acelerado e, por isso, a probabilidade de inalar o vírus é proporcional ao ritmo respiratório”. Isso significa que, quanto mais elevado for o ritmo respiratório, mais propenso está o atleta a contrair um vírus que circule no ar. Por isso, “do ponto de vista infeccioso, as máscaras diminuem substancialmente o risco de transmissão, particularmente quando são usadas por duas pessoas (cada um com a sua)”, assegura.

Jaime Nina destaca também que a chegada do tempo ameno constitui uma benesse no que à propagação do novo coronavírus diz respeito, já que a radiação ultravioleta “ajuda a matar o vírus”. O médico lamenta, contudo, que Portugal não tenha adotado medidas como o Japão, Singapura ou Austrália, que tornaram obrigatória a utilização de lâmpadas ultravioleta nos ginásios como condição para reabrirem.

“Não é instantâneo, mas a radiação ultravioleta mata o vírus. O risco para uma pessoa que está a fazer exercício num ambiente fechado é a acumulação de vírus, que esta radiação não deixa acumular”, indica.

Este artigo foi atualizado às 17h30 de 16 de março de 2021, com a alteração do título “Devo usar máscara numa corrida ao ar livre? Sim, dizem especialistas. E não faz mal à saúde” para “Posso usar máscara numa corrida ao ar livre? Sim, dizem especialistas. E não faz mal à saúde”, por uma questão de clarificação. Com o uso de máscara na atividade física ao ar livre não advêm problemas para a saúde, dizem os especialistas, que não desaconselham a sua utilização.

 

Fonte: Publico.pt

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