“Em 2022 a vida na Europa será normal e sem máscaras.”

“Em 2022 a vida na Europa será normal e sem máscaras.”

No próximo inverno já poderão ser esperados congressos com mais de mil pessoas sem máscara, tendo-se atingido a imunidade de grupo na sequência do plano nacional de vacinação, segundo adiantou o virologista do Instituto de Medicina Molecular à APAVT, a associação portuguesa das agências de viagens. “O problema vai desaparecer rapidamente e os certificados de vacinação são temporários”, frisou Pedro Simas.

O próximo verão já se prevê com alguma ‘normalidade’ na retoma da atividade dos agentes de viagens nacionais, o que inclui levar portugueses ao exterior ou trazer turistas externos para o país, segundo adiantou o virologista Pedro Simas numa sessão via web promovida pela Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo (APAVT).

Numa altura em que os agentes de viagens se debatem com muitas incertezas relativamente à retoma da atividade turística e para poderem organizar a sua programação de verão, Pedro Simas veio dar uma nota de “esperança” ao sector.

“Quando acabar a primeira fase do plano nacional de vacinação, no final de abril, se tudo correr bem, poderemos ter a vida a voltar ao normal”, frisou o virologista do Instituto de Medicina Molecular. Interrogado por Pedro Costa Ferreira, presidente da APAVT, sobre se, por exemplo, os autocarros turísticos poderão circular no país a partir de maio ou junho com a totalidade da capacidade, e não a dois terços, o especialista reiterou ser este o cenário mais provável.

“Após a primeira fase do plano nacional de vacinação vai ser tudo diferente”, salientou Pedro Simas, adiantando que, em maio, junho e julho, é expectável que tenhamos “a vida mais na normalidade, com museus abertos ou ginásios, e se tudo correr bem há uma grande probabilidade de o verão ser ainda melhor”.

Como frisou o virologista, “a grande prioridade é a de ter 100% dos grupos de risco vacinados, e em Portugal as pessoas dos lares já foram vacinadas. Se houvesse outra vaga, os lares já estão protegidos, já se construíu um muro, e seria diferente do que foi a terceira vaga”.

CERTIFICADOS DE VACINAS PARA VIAGENS “SERÃO TRANSITÓRIOS, VÃO DURAR ALGUNS MESES”

A tónica de momento para os agentes de viagens está no passaporte digital que está a ser pensado a nível europeu, comprovando que os viajantes têm assegurada alguma proteção relativamente ao vírus, seja porque foram vacinados, ganharam anti-corpos por já terem sido infetados ou apresentaram teste negativo. Segundo o virologista, estes certificados são uma boa solução no curto prazo: “acho é que vão ter uma duração de vida curta, porque o problema vai desaparecer rapidamente”, antecipou.

“Isto vai ser transitório, vai durar alguns meses. A indústria do turismo, e a aérea, terá de assumir esta iniciativa dos certificados digitais para podermos antecipar a retoma da atividade do turismo”, explicitou Pedro Simas aos agentes de viagens.

Até porque a situação de se terem de apresentar comprovativos de vacinas para determinados destinos não é nova. “Para poder viajar, não precisamos de um certificado de vacinas para a gripe nem para os outros coronavírus que se tornaram endémicos”, lembra Pedro Simas, sublinhando: “já usámos boletins de vacinas no passado, e isso foi feito para o bem comum, não com um sentido discriminatório”.

“O problema da pandemia é o de termos pessoas a irem para os hospitais e morrerem”, resumiu o virologista. “Isto vai ser uma progressão. Quando deixarmos de ter pessoas hospitalizadas por covid-19, a vida volta ao ‘normal’. Foi assim que aconteceu em Israel e no Reino Unido, os países que estão mais adiantados em termos dos planos de vacinação”.

Com a segunda fase do plano de vacinação previsto para Portugal, aí “já vai ser diferente, e teremos 90% do problema resolvido”, salientou o especialista. “Quando tivermos os grupos de risco protegidos, podemos tolerar uma transmissão comunitária que até pode ser muito alta. Foi isso que aconteceu com outros coronavírus que se tornaram endémícos, em cada dois ou três anos somos infetados com esses vírus, pode dar uma constipação mais chata, mas é a vida normal, e até estimula o nosso sistema imunológico”, destacou Pedro Simas.

É PRECISO “UM CUIDADO EXTREMO NO SENTIDO DE USAR AS MÁSCARAS E CUMPRIR TODAS AS REGRAS”

No verão de 2022 continuará a saga da covid para os agentes de viagens poderem organizar as suas programações? À questão do presidente da APAVT, Pedro Simas antecipou que no verão do próximo ano “vai estar tudo resolvido e a vida na Europa será normal, sem máscaras ou alcool-gel”. Mas frisou que até lá é preciso “um cuidado extremo no sentido de usar as máscaras e cumprir todas as regras, só depois disto acautelado é que poderemos tirar as máscaras”.

“Quando chegarmos a 60% ou 70% de pessoas imunes, o vírus deixa de ser pandémico e fica endémico”, resume o virologista. Questionado por Pedro Costa Ferreira sobre quando se poderão fazer congressos ou os grandes festivais do verão, Pedro Simas afirmou que “a imunidade de grupo vai ser importante para se poderem fazer eventos, ou numa fase inicial dizer-se que num determinado congresso só podem entrar pessoas com certificado de imunização”.

“Até o vírus deixar de ser pandémico, não se sabe. A ciência diz que se não houver mortes, não há problemas. Temos primeiro de resolver o problema, ver o que acontece e ter cuidado. E também olhar para o que fazem Israel e o Reino Unido, os países que estão a liderar o plano de vacinação”, aconselha o especialista.

A situação sanitária dos destinos onde os agentes de viagens estão a organizar ‘charters’ para o próximo verão, como é o caso de Cabo Verde – e o facto de os viajantes, apesar de estarem vacinados, poderem ser portadores do vírus enquanto estão de férias, foi outra questão colocada pelo presidente da APAVT a Pedro Simas. “Há a possibilidade de isso acontecer e é importante que todos os países do mundo vacinem os grupos de risco, senão há esse perigo”, considerou o virologista. “Os certificados vão ajudar a oferecer um grande grau de proteção nas viagens e, apesar de haver essa possibilidade, acho que não vai ser um problema”.

Para os agentes de viagens, foi uma boa notícia ouvir de Pedro Simas que se perfila a ‘normalidade’, determinada pela vacinação, o que lhes dá alento para organizarem programas de férias, na previsão de Portugal ter os grupos de risco vacinados antes do verão, e ao que tudo indica o país atingir a imunidade de grupo até ao final do ano, o que permite até equacionar congressos com os participantes sem máscara.

“Vamos voltar ao trabalho, vamos começar a pensar em vender turismo, porque os momentos de retoma vão ser muito desafiantes”, concluiu o presidente da associação das agências de viagens.

 

Fonte: Expresso.pt

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