Para onde vão as máscaras descartáveis usadas pelos portugueses?

Para onde vão as máscaras descartáveis usadas pelos portugueses?

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Estima-se que 150 milhões de máscaras sejam descartadas todos os meses no País. Devem ser colocadas no lixo indiferenciado e não no ecoponto ou, pior, no chão. Governo lança campanha Não Deixes Cair a Máscara.

Os funcionários do Centro de Triagem e Ecocentro de Lisboa, que recebe lixo reciclável de cinco conselhos do distrito, levam menos de uma hora a encher “três ou quatro sacos de compras só com máscaras cirúrgicas descartáveis retiradas da linha de triagem“, relata Judite Leal

Para a responsável de comunicação da Valorsul, a empresa que trata resíduos urbanos produzidos em 19 municípios da grande Lisboa e da região Oeste, as máscaras descartadas que são colocadas no Ecopontos amarelos (para plásticos e metais) representam um problema: “É um esforço adicional, porque as máscaras não podem, de todo, ir com os plásticos. Aparecem em grandes quantidades, mas não podem ser recicladas e têm de ser colocadas no lixo normal. E nunca no chão.”

O destino final das máscaras descartadas, explica à SÁBADO Susana Fonseca, da ZEROAssociação Sistema Terrestre Sustentável, deveria ser o aterro ou a queima. “Reciclá-las, até pelo facto de poderem estar contaminadas, seria muito complicado. Têm de ser descartadas como lixo indiferenciado.”

Outro problema são as máscaras que com facilidade se detetam abandonadas no chão nas imediações de centros de saúde, hospitais ou estabelecimentos comerciais. Mas também já têm aparecido em locais inusitados como jardins, trilhos de caminhadas ou mesmo em praias. “É mais uma fonte de poluição, de microplásticos, com consequência na própria fauna. Há animais que a podem consumir por engano, por exemplo pássaros podem ficar presos nos elásticos. O próprio material vai libertando substâncias para o ambiente“, acrescenta Susana Fonseca.

Em setembro, a Federação Portuguesa das Atividades Subaquáticas mostrava-se preocupada com as máscaras e luvas que começavam a chegar aos oceanos. Por isso arrancou com uma campanha a sensibilizar para o que poderá estar a acontecer com o lixo derivado da pandemia. “Sabemos que grande parte do lixo que não é colocado nos lugares corretos vai parar ao mar“, disse então o presidente da federação, Ricardo José, em entrevista à Antena 1. “Já se nota nalgumas zonas de rebentação. Quando a maré muda, acaba por dar à costa algum desse lixo“, acrescentou.

Estima-se que 150 milhões de máscaras sejam usadas – e descartadas – em Portugal todos os meses. Cada uma, feita de polipropileno, necessita de 300 a 400 anos para degradar-se. Se 1% for depositada incorretamente, além do risco para a saúde pública, cerca de seis toneladas de plástico serão descartadas no solo, cursos de água e no mar.”

São dados partilhados pelo Ministério do Ambiente e da Ação Climática esta terça, 24, no lançamento de uma campanha a promover o uso de máscaras reutilizáveis em detrimento das descartáveis, evitando a produção de resíduos. Os objetivos da campanha, que tem como mote a hashtag #NãoDeixesCairaMáscara, presença nas redes sociais e um site, passam por “sensibilizar para a correta deposição de máscaras descartáveis, assegurando que são colocadas no contentor dos indiferenciados“.

Recorde-se que em junho a Diretora-Geral da Saúde, Graça Freitas, alertara que as máscaras descartáveis devem ir para o lixo doméstico e não para o ecoponto, não devendo nunca ser abandonadas no chão. “Independentemente de se usarem descartáveis ou não, há regras que se devem cumprir e uma delas é a proteção do ambiente. Uma máscara descartável deve ir para o chamado lixo doméstico. Não deve ir para o ecoponto. E nunca deve ser abandonada na via pública“.

 

Fonte: SABADO.pt

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